14/10/08

HMC - Aula 5

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
4.2. Seis anos de guerra

De entre todos na Europa, Adolf Hitler está particularmente interessado na guerra, pois só assim conseguirá a sua ambição de obter o "espaço vital" para a Alemanha. Esta é uma teoria que provém do Darwinismo e que Hitler adapta à Alemanha desta altura: se um estado cresce e produz riqueza, este precisa também de mais espaço físico. As fronteiras existentes, segundo Hitler, são fronteiras administrativas impostas e não "naturais", pelo que inicia o III Reich, numa Alemanha que está a crescer e precisa de mais espaço. O III Reich proclama a união de toda a raça ariana num só estado.

Ao mesmo tempo, Mussolini afirma também a sua intenção de expandir o território italiano e começa por atacar a Somália, onde vence facilmente, e a Etiópia, onde os italianos são derrotados. Estes dois eram estados independentes africanos, um do pouco espaço em África onde nenhuma potência europeia estava instalada. Do outro lado do mundo, também o Japão emerge e consegue conquistar alguns territórios e assim expandir-se.

Contudo é Hitler, na Primavera de 1938, que anexa a Áustria, onde ninguém se opôe ao seu caminho e este é bem recebido. Esta invasão é legitimada com o facto dos austríacos serem também raça ariana e daí terem que pertencer ao seu espaço vital. Porém, no Outono de 1938, quando Hitler invade a Checoslováquia com a justificação de que lá vive uma minoria alemã, a resposta ocidental já não é tranquila. No Outono de 1938, em Munique, Hitler, Mussolini, Chamberlain e o primeiro ministro francês, Edouard Daladier, reunem-se e, sem questionar os checoslovacos, autorizam a Alemanha a entrar no país, numa chamada política de apaziguamento. Como resultado, Hitler ocupou um terço da Checoslováquia no Outono e na Primavera já tinha ocupado o resto.

É por fim com a invasão da Polónia, onde vivem cerca de 5 a 7 milhões de alemães, no dia 1 de Setembro de 1939, que o Reino Unido e a França declaram guerra a Hitler. De novo, uma guerra começa entre as principais potências da Europa, afectando quase todos os países europeus (à excepção de Portugal, Espanha, Suiça e Suécia) e alastrando-se a todo o mundo, seja em cenários de guerra como na Ásia e Norte de África, seja com o envio de tropas para o combate, como no caso da China e América do Sul.

As razões da guerra prendiam-se com questões expansionistas económicas mas também com questões políticas. Aparecem alternativas, nesta altura, que são entre si irreconciliáveis: Fascismo e Comunismo querem ambos derrubar o Liberalismo. Hitler é nesta altura quem quer a guerra pois pretende rever o Tratado de Versalhes a favor da Alemanha.

A guerra com França e Reino Unido não acontece antes de Abril de 1940. Os seis meses de guerra iminente justificam-se no facto de ambos os lados estarem a preparar-se para as batalhas. Franceses e britânicos colocam-se em locais estratégicos: os primeiros junto da linha Maginot, construída com barragens, bunkers e canais, ao largo da fronteira com a Alemanha e no decorrer da primeira guerra; os segundos desembarcam na Bretanha. Porém, Hitler entra pelo meio dos dois, pelas montanhas do Luxemburgo, e surpreende todos, impondo uma derrota humilhante para franceses e ingleses. Tão humilhante que Hitler manda trazer a locomotiva onde antes havia sido assinada a capitulação da Alemanha para assinar agora a capitulação francesa. Como se não fosse suficiente, ainda entra em parada em Paris, no dia 14 de Junho, humilhando o orgulho nacional francês. Quanto aos britânicos, fogem de regresso a Inglaterra naquilo que Churchill chamou de "retirada heróica".

Hitler venceu nesta fase da guerra pois possuía uma nova táctica bélica, suportada por aviões mais rápidos e com melhor performance, para além de blindados que conquistam vários quilómetros por dia. Esta "blitzkrieg" ou "guerra relâmpago" semeia, de facto, o pânico com os aviões e a seguir a entrada dos blindados a espalhar o terror. Com esta vantagem na tecnologia, Hitler facilmente derrota os seus inimigos.

Depois da derrota em França, esta é ocupada pela Alemanha. Surge o plano "Le Petain", que é um pacto de colaboração com Hitler que cria duas Franças: uma em que governa Hitler e outra, chamada "França de Vichy", em que governam apoiantes nazis. Há ainda uma terceira França que continua a lutar, liderada pelo general Charles de Gaulle, que se refugia na Argélia e diz, a partir daí, que França nunca se irá render.

Na Primavera seguinte, Hitler quer o Reino Unido e embora não possua uma marinha de guerra, surge com os seus submarinos, aperfeiçoados e tecnologicamente muito mais avançados. Hitler utiliza os aviões para bombardear o Reino Unido e tem início, de facto, a guerra entre estes dois. É nesta altura que Churchill profere o discurso que o tornou famoso, dizendo aos britânicos que não pode prometer muito mas que promete "suor, sangue e lágrimas". O Reino Unido envia as suas crianças para o Norte, onde os aviões nazis não chegam, deixando em Londres os homens adultos, que pouco mais faziam do que esconder-se. Contudo, Inglaterra está a resistir a Hitler que, enquanto não consegue vencer aí, vira-se para o outro lado: em 1941, Hitler planeia atacar a União Soviética.

No entanto, os sérvios derrubavam o governo pró-Hitler e instalavam um governo pró-Churchill em plenos Balcãs. Também os gregos derrotam o exército italiano que os atacara. Hitler tem que prestar atenção a estas duas situações nos Balcãs, perdendo cerca de três meses nessa região antes de atacar a União Soviética. Foram três meses preciosos, uma vez que a invasão estava prevista na Primavera e Verão, de forma a não repetir o fracasso de Napoleão e sucumbir perante o Inverno soviético de temperaturas de 40 graus negativos, que gelavam os blindados e aviões e provocavam a morte massiva dos soldados.

A operação contra a União Soviética começa assim no dia 21 de Julho de 1941. O país está despreparado para a guerra pois na sua escalada pelo poder, Estaline enviou para a Sibéria todos os generais que se lhe opunham: o Exército Vermelho está praticamente sem generais tácticos. Assim, a vitória de Hitler na União Soviética é esmagadora e os russos limitam-se a fugir para dentro do seu país. Em 1942, a chegada das tropas alemães à linha estabelecida de não agressão, faz explodir a guerra entre a União Soviética e a Alemanha, prolongando-a ao longo de todo esse ano. Contudo, o avanço alemão é travado na tal linha divisória (próxima a Estalingrado, protegendo Moscovo) e o Inverno russo começa a enfraquecer as tropas alemãs. Na investida contra a União Soviética, Roménia, Bulgária, Noruega e vários outros países combatem contra Estaline ao lado de Hitler. Só a Roménia, envia 250 mil soldados para as batalhas.

Ao mesmo tempo, em África, travam-se também batalhas sangrentas. De um lado o Egipto que embora fosse independente desde 1923 era totalmente britânico, com o seu exército lá instalado, e a Argélia, Tunísia e Marrocos, pertencentes a França. No meio destes, a Líbia, que foi ocupada pela Itália no início do séc.XX mas que não representava grande interesse por se tratar de um território pobre. Serve agora de base às tropas de Mussolini, que querem expandir-se quer para a Argélia francesa, quer para o Egipto britânico. Está então criada aqui a guerra entre italianos e franceses e ingleses. Na Argélia, a confusão de autoridade leva a que não se saiba a que França pertence o território: se a Hitler, se a Vichy, se à outra França livre de De Gaulle.

A guerra aqui corre mal aos italianos, pelo que os alemães enviam para o local o general Rommel, a "raposa do deserto" que consegue fazer sérios estragos no exército francês e inglês apenas com um exército pequeno mas uma estratégia ideal de ataque no deserto.

Do outro lado, tem início, a 7 de Dezembro de 1941, a guerra entre os Estados Unidos e o Japão. Após a I Guerra, os americanos retiraram-se da cena internacional, voltando ao seu isolacionismo para viverem assim os Loucos Anos 20. Quando Hitler ataca a Europa, os americanos não fazem nada, reforçando a sua neutralidade na guerra. Enviam apenas uma pequena ajuda aos britânicos, que é liquidada pelos submarinos alemães imediatamente. Quanto ao Japão, era um país fechado aos ocidentais até à segunda metade do séc. XIX, quando se abre e industrializa, aparecendo no séc.XX como uma nova potência industrial e militar, com novas e aperfeiçoadas tácticas. No início do séc.XX, o Japão conquista a Coreia e depois a Machúria, na China, partindo depois na década de 30 para a conquista de outras regiões na China.

De facto, o Japão começa a rivalizar em termos económicos com os Estados Unidos e o conflito é iminente e esperado durante três décadas. Os japoneses não queriam a guerra e sabem que em comparação com os Estados Unidos perderiam: querem apenas petróleo e sugerem aos EUA um acordo de fornecimento de petróleo, facto que os americanos não aceitam pois é já no petróleo que se baseia a sua produção e por conseguinte a sua economia. Como retaliação, os japoneses atacam a base militar americana de Pearl Harbour. Os americanos respondem ao ataque e começa assim a guerra na Ásia. Paralelamente, uma força nacionalista chinesa é financiada pelos Estados Unidos, com o suposto intuito de lutar contra os japoneses mas lutando antes contra uma força comunista financiada pela União Soviética.

Poucos ou nenhuns povos escapam, assim, à 2ª Grande Guerra Mundial.

O fim da guerra dá-se em primeiro lugar em África. Em 1942, os norte-americanos intervêm ali ao lado dos ingleses e franceses. Charles de Gaulle assume o comando na Argélia. Em 1943, os aliados cercam o exército italiano na Tunísia e acaba desta forma a guerra no Norte de África.

Na Europa, no Inverno de 42/43, Estaline derrota Hitler na Batalha de Stalingrado, onde se encontrava cercado pelos alemães. O exército vermelho resiste, conseguindo cercar o exército alemão e obrigando-o à rendição. Este é o momento em que a sorte vira na guerra: o exército vermelho manda Hitler recuar e é sabido a partir deste momento quem ganhou a 2ª Guerra Mundial na Europa. A vitória de Estaline deve-se ao facto da União Soviética possuir uma indústria pesada e energética que lhe permitem a supremacia de armamento. Antes da guerra começar, Estaline, com os seus planos quinquenais, enviara para lá dos Urais, onde nenhum avião bélico chegava, todas as fábricas russas, trabalhando em segurança. Os cientistas e engenheiros russos estão na Sibéria, com condições privilegiadas de construir a guerra, criando armamento e aviões ainda hoje considerados de alto desenvolvimento tecnológico.

Após o recuo soviético, Estaline pede aos ocidentais que ataquem Hitler pela outra frente. E é em 6 de Julho de 1944, no Dia D, que o exército aliado faz a invasão do território francês, cercando Hitler por duas frentes: uma na Rússia e outra no Ocidente. Após o suicídio de Hitler, em Maio de 1945, é assinada a capitulação das tropas pelos generais nazis, sendo hoje comemorado na Europa o dia 9 de Maio como o dia da Paz, da Europa, etc.

No entanto, na Ásia continuava a guerra, com os japoneses a oferecer muita resistência aos americanos. Os japoneses são inferiores em número mas o fanatismo da defesa, em que muitas vezes o suicídio é preferível à rendição, coloca-os em vantagem. A 6 de Agosto de 1945, o presidente norte-americano Truman toma a decisão de experimentar a bomba atómica sobre a cidade de Hiroshima e no dia 8 de Agosto sobre Nagasaki, no Japão. Como consequência, uma devastação sem precedentes e a capitulação do exército japonês, a 15 de Agosto de 1945.

O resultado da guerra cifrou-se em cerca de 40 a 52 milhões de mortos, a maioria dele civis por causa da guerra de bombardeamentos aéreos. O país com mais vítimas foi a União Soviética, com 20 milhões, seguidos de 8 milhões de chineses, 5 milhões de alemães, 5 milhões de polacos, 2 milhões de japoneses, um milhão e meio de jugoslavos, 535.000 franceses, 500.000 gregos, 450.000 italianos, 350.000 britânicos e entre 250 a 300 mil norte-americanos. No caso de Itália, Mussolini é derrubado em 1943 mas a partir desse verão decorre também uma guerra civil entre fascistas e anti-fascistas, dando origem a uma divisão entre direita e esquerda que persiste até hoje.

As vítimas da guerra estenderam-se muito além do cenário bélico. No fim da guerra, cerca de 11 milhões de alemães foram expulsos dos seus países, como retaliação ao que fizeram com outros povos durante a guerra. Polónia, Checoslováquia e Ucrânia foram alguns dos países que expulsaram os alemães após o fim do conflito.

As outras vítimas da guerra foram os 7 milhões de civis que morreram em campos de concentração. Estes existiram um pouco por toda a parte, fosse para os judeus, ciganos, eslavos e outros grupos considerados menores pelos nazis, fosse para os norte-americanos descendentes de japoneses, nos Estados Unidos, onde 150.000 pessoas foram postas em campos de concentração. Estes, captam mão-de-obra escrava, onde em condições sub-humanas de alimentação e higiene, milhões de judeus e ciganos foram particularmente mal tratados. Estima-se que tenham morrido em campos de concentração promovidos pelos nazis, cerca de 6 milhões de judeus e uma quantidade não confirmada de ciganos.

A segunda guerra mundial foi uma guerra de alianças globais, com a aliança entre liberais e comunistas contra os fascistas. Provocou alteração de fronteiras, com a Rússia a tentar reaver os territórios perdidos na I Guerra e a Polónia, por exemplo, a mudar a sua configuração. Foi uma guerra de destruição total: Hitler bombardeia e destrói Londres, os Aliados destroem cidades inteiras na Alemanha, os americanos dizimam com as bombas atómicas. Tratou-se do maior conflito da História da Humanidade, que começa com uma luta entre diferentes ideologias de organização do mundo.

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