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21/10/08

HMC - Aula 7

V - GUERRA FRIA
5.1. Noção de Guerra Fria
5.2. Inicio da Guerra Fria ("Golpe de Praga")
5.3. Formação dos blocos ideológicos, económicos e militares

Após o final da II Guerra Mundial e com a derrota do Nazismo-Fascismo em todo o mundo, começam a aumentar as diferenças entre os dois blocos ideológicos restantes e vencedores da guerra, o bloco ocidental, constituídos pelos liberais capitalistas e o bloco de leste, constituído pelos socialistas comunistas. Esta tensão entre os dois é de tal ordem que Churchill, numa conferência em Zurique, chega a falar de uma "cortina de ferro" que separa o mundo capitalista do mundo comunista, tais são as diferenças ideológicas que os separam. Trata-se, assim, do nascimento de uma situação que se prolongará até ao início dos anos 90 e que ficará conhecida para a História como o período de Guerra Fria entre o Ocidente e o Leste. Guerra porque há um corte total das relações diplomáticas entre os dois blocos e fria porque não envolve o confronto armado directo. Este período foi também apelidade de "equilíbrio de terror": equilíbrio porque não existe confronto bélico e o terror associado ao facto de ambas as potências possuirem armamento atómico, capaz de destruir o planeta.

Raymond Aaron define a situação durante a Guerra Fria com uma citação que se tornou famosa no decorrer da História: "Paz impossível, guerra improvável". A paz era impossível na medida em que os dois grandes blocos ideológicos mantinham ideais tão contrários que jamais haveria um entendimento mútuo; mas por outro lado, a guerra é improvável devido ao medo mútuo de utilização de armamento nuclear.

Vive-se, então, um num mundo bipolarizado entre o Ocidente, onde prevalecem os valores do Liberalismo e da economia de mercado e onde os Estados Unidos são os grandes líderes e o Leste, onde os valores do socialismo, comunismo e a economia de planeamento e a supremacia do proletariado, embora com algumas limitações à liberdade, prevalecem.

George Kennan aponta uma razão possível para a Guerra Fria. Este diplomata americano em Moscovo escreveu um artigo que enviou por telegrama para Washington e que chegou ao destinatário sem que a KGB o intercalasse. Como o assinava com um xis, ficou conhecido como "Artigo X" ou "Longo Telegrama". Nele, Kennan diz que não existe qualquer oportunidade de cooperação entre o capitalismo e o comunismo, uma vez que os sistemas são incompatíveis em todas as áreas fulcrais da vida: economia, finanças, política, cultura... Assim, só poderá haver um combate de vida ou morte entre ambos. Mesmo porque, segundo Kennan, os dois tipos de economia dos blocos ideológicos anulam-se um ao outro: a propriedade privada anula a propriedade colectiva e vice-versa. Refere que a guerra será duradoura e unirá muitos esforços a nível mundial. Fala ainda de uma União Soviética que é o prolongamento do imperialismo russo e que tudo fará para ir sempre alargando o seu território.

As explicações de Kennan são aceites pelo presidente norte-americano Harry Truman, que passa a tomar medidas para combater o avanço comunista, naquela que passa a ser conhecida como a "Doutrina Truman": uma política de contenção do avanço comunista, utilizando para isso todos os meios possíveis.

Do lado soviético, a explicação para a Guerra Fria surge por parte de um general russo e depois de toda a comunidade soviética. Este diz que a União Soviética deve estar preparada para uma guerra com os países liberais na medida em que o objectivo inicial do comunismo é sempre abater o capitalismo. Relembra Marx e o Manifesto Comunista, que apela à união mundial de todo o proletariado e que afirma que o Comunismo só pode sobreviver se o mundo inteiro for comunista. É, por isso, objectivo estabelecer uma revolução mundial global.

De uma forma ou de outra, é entendido pelas duas partes que a guerra é de vida ou morte e existe um clima de desconfiança mútua: ambos pensam que a outra parte estará pronta a atacar as suas forças a qualquer momento. Neste sentido, ambos os blocos começam a preparar a defesa e o ataque: o único factor que os trava de iniciar um conflito armado é a posse por ambos de armamento nuclear.

A nível geográfico, o bloco ocidental compreende a América do Norte, a América Latina (diversos movimentos de esquerda, como Allende no Chile ou Kubitscheck no Brasil são dizimados pelos norte-americanos), a Europa Ocidental e a Austrália. O bloco de leste compreende a União Soviética, os países satélite da Europa de Leste e mais tarde, após a revolução maoísta, a China. Existe uma zona "cinzenta" em todo o continente africano: no processo de descolonização, guerras sangrentas entre comunistas e liberais tomam conta da maior parte dos países, com cada uma das forças em causa a ser patrocinada ora pelos Estados Unidos ora pela União Soviética.

A nível militar, desde o final da II Guerra que há a assinatura de vários pactos militares. O primeiro, entre a França e o Reino Unido, em 1946, vira-se contra o possível reaparecimento da força militar alemã. Em 1948 o Benelux une-se, através do "Pacto de Bruxelas". A Europa pede ajuda aos Estados Unidos contra a ameaça nuclear e os americanos concedem armamento nuclear aos seus países europeus aliados.

A 4 de Abril de 1949 nasce o Pacto Militar do Atlântico Norte, que institui a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Inicialmente, França, Reino Unido, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Itália, Noruega, Dinamarca, Islândia, Estados Unidos, Canadá e Portugal formam um pacto militar defensivo que funciona apenas no caso de um estado membro ser atacado, ou seja, só funciona em caso de agressão externa a um estado membro. Esta noção da OTAN veio a ser alterada depois da Guerra Fria, em que passa a ter uma actuação agressiva e ofensiva.

A OTAN é constituída por duas organizações: o Conselho da OTAN é uma organização política constituída pelos ministros dos negócios estrangeiros e que reúne duas vezes por ano, podendo contar também com a presença de ministros das finanças e de chefes de estado; há depois uma Organização Militar da OTAN sob dois comandos, o do Atlântico e o da Europa. Interessante aqui referir que os Açores, território de extrema importância estratégica que motivou a entrada do Portugal fascista logo no início, como 12º membro fundador da OTAN, pertencem ao comando do Atlântico da OTAN e não à Europa. Os Açores foram desde sempre um arquipélago altamente cobiçado pelos Estados Unidos, que preparavam um golpe em 1974 caso os comunistas triunfassem após a revolução do 25 de Abril: não querendo perder esse ponto estratégico a meio caminho da Europa, os Estados Unidos tinham já organizado um falso movimento pela independência dos Açores, que seria imediatamente reconhecida por eles, à semelhança do aconteceu no Kosovo, caso o governo instalado pós-fascismo fosse comunista e por conseguinte ligado à União Soviética.

Polémicas à parte, a função da OTAN nesta altura é a de defender o mundo liberal do possível ataque comunista.

Do lado Soviético, surge em 1955 o Pacto de Varsóvia, seis anos depois da instituição da OTAN. O principal motivo que leva à criação do Pacto de Varsóvia é o rearmamento alemão: só depois dos ociedntais darem novamente armas à Alemanha é que os de leste resolvem fazer o Pacto de Varsóvia. Importa referir que em 1949 os ocidentais devolvem a soberania às três partes alemãs ocidentais: Churchill refere que o único país com força suficiente, na Europa, para combater os comunistas era a Alemanha, que representa uma fronteira contra o avanço comunista e como tal, o rearmamento neste país é feito rapidamente Em 1954 a Alemanha entra na OTAN e como reacção, a União Soviética assina o Pacto de Varsóvia.

Pela mesma altura, os Estados Unidos passam armamento nuclear para a Europa Ocidental e começa a corrida entre os dois blocos para ver quem possui maior quantidade de armamento atómico.

A nível económico, aos liberais interessa uma população rica, satisfeita, que garanta um apoio contra o comunismo e que seja capaz de apoiar as ideologias ocidentais. Para isso, é importante que a recuperação económica seja rápida e bem sucedida e como tal surge nesta altura o "Plano Marshall", do secretário de estado norte-americano George Marshall. Este plano, de 1947, diz respeito à oferta de ajuda americana para a reconstrução de todos os países que sofreram com a II Guerra Mundial. Ajuda aos ocidentais, claro. De faco, a situação da Checoslováquia, entalada no centro europeu, é paradigmática: com um governo misto de liberais e comunistas, a teoria vigente até há poucos anos era a de que Stalin tinha proibido a ajuda norte-americana ao país. No entanto, soube-se recentemente que nunca fez parte dos planos norte-americanos prestar ajuda a nenhum país de leste, como a Checoslováquia ou a Polónia.

Esta ajuda de Marshall é gratuita em 85%, maciça, crucial para a recuperação da Europa. Compreende ainda a transferência tecnologia, profissionais, de forma a que seja possível uma rápida e forte recuperação económica de toda a Europa ocidental. E aconteceu, de facto, um crescimento extraordinário, muito baseado na vontade de defender os regimes ocidentais contra o comunismo. O revés da medalha tem a ver com o facto da Europa estar agora dependente dos Estados Unidos: as empresas, materiais, tecnologia são americanas e como tal a Europa vê-se num neocolonialismo, desta vez como uma colónia com a metrópole situada na América do Norte.

A Leste, surge o Comecom, um comité de ajuda mútua organizado entre países do regime soviético através do sistema da economia de planeamento. Cada país membro dedica-se a uma actividade económica para a qual está vocacionado. Por exemplo, a Polónia maioritariamente rural produz trigo e milho, a Checoslováquia mais industrial produz automóveis, etc. Na realidade, este processo de ajuda mútua serve mais para fomentar o imperialismo russo, que se aproveita das riquezas naturais dos estados satélite que controla.

A nível político, o bloco ocidental cria organizações de defesa dos valores liberais, enquanto os soviéticos criam um comité de controlo sobre os países satélite, de forma a que não fujam à doutrina imposta do comunismo de partido único.

A nível das origens, há muitas teorias quanto ao início da Guerra Fria. Alguns autores apontam 1917, a chegada dos bolcheviques ao poder, como o início do conflito; outros falam da 2ª Guerra Mundial, outros da Batalha de Stalingrado, etc. Efectivamente, o primeiro conflito armado entre os dois blocos ideológicos acontece na Grécia.

Em 1939, Mussolini invadira a Grécia mas sem sucesso: apenas com a ajuda de Hitler os italianos conseguem empurrar os gregos e os apoiantes de Churchill para Creta, ocupando aquele país. No entanto, a Norte, perto da fronteira com a Jugoslávia, mantinha-se uma resistência comunista ao fascismo e a Sul uma resistência liberal contra os alemães. Em 1947 acontecem eleições na Grécia, onde os partidários do ocidente ganham. Essas eleições são consideradas fraudulentas pelos comunistas e instala-se uma guerra civil entre ambas as ideologias: a Norte apoia-se o comunismo e a Sul o Ocidente. Tratou-se de uma guerra dura, em que os comunistas avançavam no terreno e só depois da intervenção directa dos Estados Unidos é que são derrotados. Trata-se, contudo, da primeira batalha directa entre os dois blocos mas onde Stalin não intervem. Stalin, respeitando o acordo de Ialta, reafirma que a Grécia pertence ao domínio ocidental e como tal não existe reacção soviética nesta guerra civil.

A reacção vai existir sim aquando do chamado "Golpe de Praga". Em 1938, Hitler entrou na Checoslováquia e em 1939 a ocupação nazi era total e foi pacífica. No fim da guerra, dá-se eleições democráticas e quem ganha são os comunistas mas sem maioria absoluta. Forma-se um governo minoritário de salvação nacional e dentro desse governo estão liberais e comunistas. A morte de um elemento do governo liberal desencadeia a dúvida sobre suicídio ou assassinato por parte dos comunistas, o que leva a um clima de tensão entre as duas forças no governo. Posteriormente rompe-se o acordo entre ambos: os comunistas começam a ocupar fábricas, escolas, armazéns, levando a uma tomada violenta do poder que é considerada um golpe de estado.

Os americanos entendem também como uma violação das leis a chegada dos comunistas ao poder e acabam-se as negociações entre os dois blocos. Os laços são cortados e instala-se entre ocidente e leste uma guerra fria rígida, com um corte radical das relações entre os dois mundos.

Num clima de guerra, onde a tensão é imensa, surge também a guerra ideológica, com ambas as potências a denegrir a imagem da outra. As organizações militares estão montadas (OTAN e Varsóvia) e a nível económico os estados protegem-se (Marshal e Comecom). No Leste, a recuperação económica é extraordinária, só sendo o resultado inferior ao americano pois partem de uma situação de destruição total deixada pela II Guerra enquanto a América ficou intocada pelo conflito e, pelo contrário, ganhou até com a venda de armamento e o crédito. A União Soviética peca apenas pela falta de motivação que um regime comunista com aqueles contornos impôe naturalmente nos seus habitantes.

15/10/08

HMC - Aula 6

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
4.3. Conferências dos aliados
4.4. Organização das Nações Unidas

Depois da guerra terminar, e mesmo antes, têm lugar uma série de reuniões com vista a organizar o mundo depois do conflito. A primeira dá-se entre Franklin Roosevelt e Winston Churchill, em Agosto de 1941, a bordo de um navio de guerra no meio do Atlântico. Numa altura em que Hitler bombardeava Inglaterra e os EUA ainda não tinham entrado no conflito, a reunião serviu para discutir como ficaria o mundo depois da guerra e para a assinatura da "Carta do Atlântico", onde ambos reiteram o Liberalismo e afirmam não ter desejos expansionistas.

A segunda reunião dá-se em Janeiro de 1942, nos EUA, e dela fazem parte 24 países que declararam guerra à Alemanha e à Itália, incluindo a União Soviética. Desta reunião sai um documento chamado "Declaração das Nações Unidas contra o Nazismo e Fascismo". Antes do fim da guerra, há mais uma reunião, em 1943 entre os Ministros dos Negócios Estrangeiros da União Soviética, EUA, Reino Unido e China onde são tomadas várias decisões.

Todas estas reuniões para demonstrar que a partir do momento que começa a guerra, começam também as negociações.

Da II Guerra Mundial, saem vitoriosos a URSS, os EUA e o Reino Unido, cada um com a sua figura de proa. O primeiro é Winston Churchill, primeiro-ministro britânico. Churchill provém de uma família nobre inglesa, é um lorde britânico com educação na marinha real que depois vem para o Reino Unido e se torna jornalista. Churchill parte depois para África, para lutar na guerra dos Boers, que opôe o Reino Unido à Holanda por questões relacionadas com as colónias. Aí, foi preso pelos Boers e relatou o que se passou na prisão, tornando-se famoso em Inglaterra. Entra na política, é eleito deputado e nomeado chefe da marinha britânica. Churchill participa depois na I Guerra Mundial, dirigindo a marinha britânica contra os turcos, numa batalha em que os britânicos foram dizimados pelos turcos, perdendo mais de 20.000 soldados.

No seguimento desta vergonhosa derrota, Churchill demite-se e faz-se voluntário para combater em Flandres, na lama, como forma de se redimir do seu erro. Recupera assim algum prestígio entre os britânicos e regressa à política, entrando agora no Partido Conservador e sempre com posições à Direita. Churchill pode ser considerado um visionário no que respeita à II Guerra Mundial, na medida em que sempre alertou os britânicos para esta e se opunha à política de apaziguamento de Chamberlain.

Por conseguinte, Churchill é eleito para formar gabinete e ser primeiro-ministro no governo de unidade nacional decorrente da guerra. Porém, uma vez terminada a guerra, Churchill organiza de novo eleições, em 1945 mas perde para os Trabalhistas, que organizam o governo pós-guerra no Reino Unido. Governo esse que não corre bem e como tal os britânicos elegem Churchill em 1951 para que em 1955 ele se demita, já com 80 anos de idade. Churchill foi Prémio Nobel da Literatura em 1953 com o seu livro "Memórias da Segunda Guerra Mundial", onde num discurso acessível e jornalístico, relata as suas vivências de guerra.

A segunda figura que sai vitoriosa da II Guerra Mundial é Franklin Roosevelt, presidente norte-americano, que não chega a viver para ver o sucesso dos aliados no conflito pois morre em Abril de 1945. Roosevelt foi o único presidente americano eleito quatro vezes e é um intelectual que estudou em Harvard. Em 1932, vence a sua primeira eleição oferecendo um programa de recuperação dos EUA após a Grande Depressão. A sua receita era o "new deal": adopção de medidas socialistas de investimento público, crédito pedido em nome dos cidadãos para fazer grandes obras públicas. Com essas obras, Roosevelt conseguiu empregar muitos trabalhadores e por conseguinte aumentar a procura e a necessidade de produção. Os EUA saem, assim, da crise.
Em 1936 é reeleito por mais quatro anos e em 1940, com a aproximação da guerra, os americanos questionam-se mas não hesitam em atribuir-lhe, pela primeira vez na sua História, um terceiro mandado. E em 1944 já ninguém questionou quando Roosevelt se candidata de novo a um quarto mandato e continua a conduzir os EUA até ao fim da guerra e da sua própria vida.

Após a sua morte, os EUA introduziram uma emenda na Constituição que limita a presidência do país a dois mandatos de quatro anos. Este facto é positivo na medida em que há uma renovação mas negativo pois o segundo mandato, os últimos quatro anos, são já "coxos", ou seja, a decisão do presidente é já pouco valorada e apenas se espera pelo seu substituto.

A terceira figura vencedora da guerra, líder na URSS, é Josef Stalin, que nasceu na Geórgia e frequentou o seminário para se tornar padre, muito por causa das precárias condições económicas e sociais da sua família. Desistiu do seminário e saíu em apoio de Lenine e da Revolução Bolchevique, tendo sucedido a Lenine em 1928 como Secretário Geral do Partido Comunista da União Soviética, após uma sangrenta e conflituosa luta pela sucessão.

Durante a II Guerra, Stalin nunca foi chefe de governo nem presidente de Estado: teve alguns cargos militares mas actuou sempre como secretário geral do Partido Comunista. Instalou na URSS uma revolução burocrática, uma ditadura política do Partido Comunista, juntamente com um culto de adoração à sua figura, à medida dos grandes líderes totalitários. Stalin eliminou todos os seus oponentes, todos os que tinham uma visão diferente da sua, mandando-os para a Sibéria e livrando-se assim da sua influência. Um destes generais afastados é uma das grandes figuras do socialismo, Trotsky.

Este afastamento dizia respeito não só a altos cargos do exército como também a dissidentes do próprio exército, que era organizado por Trotsky, e a camponeses. Os camponeses incluem-se neste grupo na medida em que a nacionalização das terras por vezes contava com alguma oposição dos seus proprietários: estes eram enviados para a Sibéria, para aldeias onde estavam numa "prisão a campo aberto": podiam sair dessa aldeia quando quisessem mas o frio e as condições adversas tornavam essa fuga impossível. Não se tratavam, por isso, de campos de concentração, como na Alemanha ou nos EUA, mas antes de um castigo a viver isolado.

Neste sentido, são muitas as versões sobre os mortos de Stalin: embora se falasse de 15 ou 7 milhões, a verdade é que quando Ieltsin abriu os arquivos do Kremlin ao Ocidente, os mortos causados pelas políticas de Stalin não excedem os 3 milhões. Uma só morte que fosse tornaria Stalin um homicida mas os números reais estão bem distantes da propaganda ocidental. Seja como for, Stalin e a URSS foram decisivos na vitória dos Aliados na Europa e são um dos vencedores da guerra.

Assim, os três decidem o futuro do mundo depois de terminar a II Guerra Mundial. Churchill é mais tradicional, baseado em costumes conservadores e por isso quer restabelecer relações anteriores e equilíbrios pré-guerra. Dessa forma, apoia Charles de Gaulle de forma a que a França também se restabeleça na Europa e para que conjuntamente com o Reino Unido a controlem. Por outro lado, Churchill quer travar a expansão soviética, não lhes permitindo que entrem na Europa Ocidental. Churchill quer então travar o comunismo e restabelecer o equilíbrio anterior à guerra.

Já Stalin tem como grande objectivo recuperar o território perdido na I Guerra Mundial e controlar o chamado "corredor sanitário". Este era um grupo de países que serviam de tampão à expansão soviética pois estavam controlados por forças ocidentais com esse mesmo objectivo. Eram eles a Polónia, Checoslováquia, Roménia, Hungria e Bulgária. Stalin instala o exército soviético nesses países, impondo aí governos comunistas. Tem assim como principais objectivos no pós-guerra a expansão comunista e a recuperação do império russo.

Roosevelt quer recuperar o idealismo de Wilson, criando um novo mundo governado pela lei. Parte dele a ideia de escrever uma nova constituição para o mundo, que passa a chamar-se "Carta das Nações Unidas". Deste documento constam leis básicas implementadas por uma instituição muito mais firme e actuante do que a Sociedade das Nações, a ONU, Organização das Nações Unidas.

Para a decisão do que iria ser o mundo pós-guerra, três conferências são essenciais. Em primeiro lugar, a Conferência de Teerão, entre 28 Novembro e 1 Dezembro de 1943, onde Stalin pede a abertura da frente ocidental para derrotar os nazis e Roosevelt fala da ONU. Escolheu-se Teerão por ser uma cidade onde os aviões não chegariam e também por ser um local com um clima agradável, de forma a que Roosevelt, cuja saúde era já débil, não decaísse.

A outra conferência decorreu entre 4 e 11 de Fevereiro de 1945 em Ialta, na Crimeia, na URSS. Aqui nunca se saberá ao certo o que aconteceu: consta-se que Stalin e Churchill combinaram zonas de influência, estabelecendo um mapa do mundo pós-guerra. Churchill negou a existência destas divisões mas consta-se que escreveu informalmente num guardanapo, durante a refeição, o destino dos vários países, dividindo-os entre ocidente e URSS. Consta-se também que Stalin nunca respondeu afirmativamente a essa divisão mas que sorriu, concordando. Assinou-se nesta conferência a Declaração sobre a Europa Libertada.

Nessa declaração, decide-se que os países libertados dos nazis e fascistas vão fazer eleições livres e escolher qual o regime que querem ter. O que aconteceu foi que de facto houve eleições mas quem ganhou em cada país foi a côr respectiva do exército que lá estava na altura. O caso mais flagrante é o da Europa de Leste: em todos os estados estava estacionado o exército vermelho, à excepção de um, a Grécia. Em todos os estados ganhou o Partido Comunista, à excepção da Grécia.

Assim, os três saem satisfeitos da conferência de Ialta: Roosevelt com a ONU, Stalin com as zonas de influência e apenas Churchill, embora satisfeito, crê que Roosevelt se está a deixar levar por Stalin e a sua perfídia.

Por fim, e já sem Churchill que não foi eleito nem Roosevelt que faleceu, tem lugar a Conferência de Potsdam, entre 17 Julho e 2 Agosto de 1945, onde é discutido o que fazer com a Alemanha que surge depois da guerra. Este país é então dividido em quatro esferas de influência: a leste a soviética, a norte a americana, ao centro o Reino Unido e ao sul a França. Berlim, embora situada no coração da zona de influência soviética, é também dividida em quatro zonas de ocupação. É nesta conferência que é criado o Tribunal de Nurenberga, para julgar os crimes nazis e é também apenas nesta altura que a URSS declara guerra ao Japão. Nesta altura, o Japão encontrava-se já fragilizado e foi fácil aos soviéticos conquistarem algumas ilhas e penínsulas do extremo oriente, territórios que ainda hoje continuam sob disputa.

Entre Abril e Julho, 40 países aliados contra o nazismo e o fascismo juntam-se em São Francisco para adoptar a Carta das Nações Unidas, um documento com 111 artigos. A 24 de Outubro a Carta é aprovada e com ela é aprovada a institucionalização da ONU. É este o dia de nascimento da organização que nasce com o objectivo principal de preservar a Paz, sendo que para isso é preciso assegurar também a prosperidade económica. Para isso, é preciso a cooperação conjunta de todos os estados envolvidos.

A ONU é considerada a estrutura, Parlamento do mundo, Assembleia Geral de todos os povos onde todos os estados têm um voto e têm o mesmo valor para efeitos de votação. Porém, a Assembleia Geral da ONU apenas discute, vota e aprova uma recomendação sem qualquer carácter vinculativo. O Conselho de Segurança da ONU é a instituição que deve preservar a Paz como princípio aristocrático. É constituído por 15 estados, sendo 5 estados permanentes, precisamente aqueles que saíram vencedores da guerra: EUA, Rússia, China, França e Reino Unido. Qualquer um destes tem o poder de veto pelo que nenhuma decisão pode ser tomada sem o acordo destes cinco estados. Durante a Guerra Fria, o Conselho de Segurança quase não existiu, uma vez que a URSS vetava tudo o que provinha dos EUA e vice-versa. Aquando da China maoísta, este país era representado apenas pela pequena e insignificante península de Taiwan, facto que só se alterou com a abertura da China ao capitalismo.

O Conselho Económico e Social da ONU é constituído por 54 estados membros e preocupa-se com a cooperação, o comércio e o progresso, de forma a manter a Paz: para haver Paz tem que se eliminar o conflito, que tem a maior parte das vezes uma causa económica e como tal deve-se eliminar a pobreza. Pode-se dizer que este conselho tem muito pouco sucesso, uma vez que a meta traçada para os países ricos doarem 1% do seu PIB aos países pobres nunca foi cumprida.

O Conselho de Tutela da ONU faz a gestão de recém-estados que ainda não têm condições de formar governo, como por exemplo o caso de Timor. Quanto ao Conselho dos Direitos do Homem, discute sobre a situação dos direitos humanos no mundo, tendo sido, nestes últimos anos, os EUA o país mais discutido devido à situação de Guantanamo.

A ONU tem um Secretário Geral, chefe dos burocratas e que se tem vindo a tornar cada vez mais um cargo político de maior importância no mundo, com um mandato de cinco anos com possibilidade de uma renovação. Apenas Boutros Gali, por se opor à intenção bélica dos EUA na ex-Jugoslávia, não foi reconduzido ao segundo mandato, tendo sido substituído pelo pro-americano Kofhi Anan que apenas foi afastado quando se descobriu que o seu filho desviava dinheiro dos fundos de ajuda humanitária da ONU. Entre outros secretários gerais, Kurt Weildheim, um austríaco que após os seus dois mandatos se veio a descobrir que esteve ao lado de Hitler no exército nazi e o actual, o coreano Ban Ki-Moon.

Polémicas à parte, a ONU tem cerca de 50 instituições e organizações associadas, ligadas ao trabalho, aviação civil, comércio, património, crianças, finanças, etc. Entre elas a UNESCO, UNICEF e o Tribunal Internacional de Haia. Este tribunal julga apenas estados que aceitem e reconheçam a soberania deste tribunal. Tem no entanto pouca influência uma vez que um estado, como a Indonésia em relação a Timor, pode alegar que se trata de um conflito interno e por isso fora da alçada da ONU.

Em 2000 institui-se o Tribunal Internacional Penal, que visa castigar o crime e julgar as pessoas individualmente. Os EUA não fazem parte deste tribunal e neste sentido, os países seus aliados, entre os quais Portugal, assinaram uma declaração formal de que nunca perseguirão qualquer americano neste tribunal. Trata-se de um organismo que começa com algumas deficiências e que serão precisos vários anos para que funcione na sua plenitude.

Para além destes tribunais internacionais, há também o Tribunal de Justiça da UE e o Tribunal Europeu dos Direitos dos Homens, em Estrasburgo. Aqui, qualquer cidadão de qualquer país estado-membro tem acesso ao tribunal e é o único que aceita uma causa individual contra qualquer um dos estados membros.

Voltando ao final da II Guerra Mundial, todos juram nunca mais quererem guerra e para a manutenção da Paz mundial formam a Organização das Nações Unidas e as suas dependências.

14/10/08

HMC - Aula 5

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
4.2. Seis anos de guerra

De entre todos na Europa, Adolf Hitler está particularmente interessado na guerra, pois só assim conseguirá a sua ambição de obter o "espaço vital" para a Alemanha. Esta é uma teoria que provém do Darwinismo e que Hitler adapta à Alemanha desta altura: se um estado cresce e produz riqueza, este precisa também de mais espaço físico. As fronteiras existentes, segundo Hitler, são fronteiras administrativas impostas e não "naturais", pelo que inicia o III Reich, numa Alemanha que está a crescer e precisa de mais espaço. O III Reich proclama a união de toda a raça ariana num só estado.

Ao mesmo tempo, Mussolini afirma também a sua intenção de expandir o território italiano e começa por atacar a Somália, onde vence facilmente, e a Etiópia, onde os italianos são derrotados. Estes dois eram estados independentes africanos, um do pouco espaço em África onde nenhuma potência europeia estava instalada. Do outro lado do mundo, também o Japão emerge e consegue conquistar alguns territórios e assim expandir-se.

Contudo é Hitler, na Primavera de 1938, que anexa a Áustria, onde ninguém se opôe ao seu caminho e este é bem recebido. Esta invasão é legitimada com o facto dos austríacos serem também raça ariana e daí terem que pertencer ao seu espaço vital. Porém, no Outono de 1938, quando Hitler invade a Checoslováquia com a justificação de que lá vive uma minoria alemã, a resposta ocidental já não é tranquila. No Outono de 1938, em Munique, Hitler, Mussolini, Chamberlain e o primeiro ministro francês, Edouard Daladier, reunem-se e, sem questionar os checoslovacos, autorizam a Alemanha a entrar no país, numa chamada política de apaziguamento. Como resultado, Hitler ocupou um terço da Checoslováquia no Outono e na Primavera já tinha ocupado o resto.

É por fim com a invasão da Polónia, onde vivem cerca de 5 a 7 milhões de alemães, no dia 1 de Setembro de 1939, que o Reino Unido e a França declaram guerra a Hitler. De novo, uma guerra começa entre as principais potências da Europa, afectando quase todos os países europeus (à excepção de Portugal, Espanha, Suiça e Suécia) e alastrando-se a todo o mundo, seja em cenários de guerra como na Ásia e Norte de África, seja com o envio de tropas para o combate, como no caso da China e América do Sul.

As razões da guerra prendiam-se com questões expansionistas económicas mas também com questões políticas. Aparecem alternativas, nesta altura, que são entre si irreconciliáveis: Fascismo e Comunismo querem ambos derrubar o Liberalismo. Hitler é nesta altura quem quer a guerra pois pretende rever o Tratado de Versalhes a favor da Alemanha.

A guerra com França e Reino Unido não acontece antes de Abril de 1940. Os seis meses de guerra iminente justificam-se no facto de ambos os lados estarem a preparar-se para as batalhas. Franceses e britânicos colocam-se em locais estratégicos: os primeiros junto da linha Maginot, construída com barragens, bunkers e canais, ao largo da fronteira com a Alemanha e no decorrer da primeira guerra; os segundos desembarcam na Bretanha. Porém, Hitler entra pelo meio dos dois, pelas montanhas do Luxemburgo, e surpreende todos, impondo uma derrota humilhante para franceses e ingleses. Tão humilhante que Hitler manda trazer a locomotiva onde antes havia sido assinada a capitulação da Alemanha para assinar agora a capitulação francesa. Como se não fosse suficiente, ainda entra em parada em Paris, no dia 14 de Junho, humilhando o orgulho nacional francês. Quanto aos britânicos, fogem de regresso a Inglaterra naquilo que Churchill chamou de "retirada heróica".

Hitler venceu nesta fase da guerra pois possuía uma nova táctica bélica, suportada por aviões mais rápidos e com melhor performance, para além de blindados que conquistam vários quilómetros por dia. Esta "blitzkrieg" ou "guerra relâmpago" semeia, de facto, o pânico com os aviões e a seguir a entrada dos blindados a espalhar o terror. Com esta vantagem na tecnologia, Hitler facilmente derrota os seus inimigos.

Depois da derrota em França, esta é ocupada pela Alemanha. Surge o plano "Le Petain", que é um pacto de colaboração com Hitler que cria duas Franças: uma em que governa Hitler e outra, chamada "França de Vichy", em que governam apoiantes nazis. Há ainda uma terceira França que continua a lutar, liderada pelo general Charles de Gaulle, que se refugia na Argélia e diz, a partir daí, que França nunca se irá render.

Na Primavera seguinte, Hitler quer o Reino Unido e embora não possua uma marinha de guerra, surge com os seus submarinos, aperfeiçoados e tecnologicamente muito mais avançados. Hitler utiliza os aviões para bombardear o Reino Unido e tem início, de facto, a guerra entre estes dois. É nesta altura que Churchill profere o discurso que o tornou famoso, dizendo aos britânicos que não pode prometer muito mas que promete "suor, sangue e lágrimas". O Reino Unido envia as suas crianças para o Norte, onde os aviões nazis não chegam, deixando em Londres os homens adultos, que pouco mais faziam do que esconder-se. Contudo, Inglaterra está a resistir a Hitler que, enquanto não consegue vencer aí, vira-se para o outro lado: em 1941, Hitler planeia atacar a União Soviética.

No entanto, os sérvios derrubavam o governo pró-Hitler e instalavam um governo pró-Churchill em plenos Balcãs. Também os gregos derrotam o exército italiano que os atacara. Hitler tem que prestar atenção a estas duas situações nos Balcãs, perdendo cerca de três meses nessa região antes de atacar a União Soviética. Foram três meses preciosos, uma vez que a invasão estava prevista na Primavera e Verão, de forma a não repetir o fracasso de Napoleão e sucumbir perante o Inverno soviético de temperaturas de 40 graus negativos, que gelavam os blindados e aviões e provocavam a morte massiva dos soldados.

A operação contra a União Soviética começa assim no dia 21 de Julho de 1941. O país está despreparado para a guerra pois na sua escalada pelo poder, Estaline enviou para a Sibéria todos os generais que se lhe opunham: o Exército Vermelho está praticamente sem generais tácticos. Assim, a vitória de Hitler na União Soviética é esmagadora e os russos limitam-se a fugir para dentro do seu país. Em 1942, a chegada das tropas alemães à linha estabelecida de não agressão, faz explodir a guerra entre a União Soviética e a Alemanha, prolongando-a ao longo de todo esse ano. Contudo, o avanço alemão é travado na tal linha divisória (próxima a Estalingrado, protegendo Moscovo) e o Inverno russo começa a enfraquecer as tropas alemãs. Na investida contra a União Soviética, Roménia, Bulgária, Noruega e vários outros países combatem contra Estaline ao lado de Hitler. Só a Roménia, envia 250 mil soldados para as batalhas.

Ao mesmo tempo, em África, travam-se também batalhas sangrentas. De um lado o Egipto que embora fosse independente desde 1923 era totalmente britânico, com o seu exército lá instalado, e a Argélia, Tunísia e Marrocos, pertencentes a França. No meio destes, a Líbia, que foi ocupada pela Itália no início do séc.XX mas que não representava grande interesse por se tratar de um território pobre. Serve agora de base às tropas de Mussolini, que querem expandir-se quer para a Argélia francesa, quer para o Egipto britânico. Está então criada aqui a guerra entre italianos e franceses e ingleses. Na Argélia, a confusão de autoridade leva a que não se saiba a que França pertence o território: se a Hitler, se a Vichy, se à outra França livre de De Gaulle.

A guerra aqui corre mal aos italianos, pelo que os alemães enviam para o local o general Rommel, a "raposa do deserto" que consegue fazer sérios estragos no exército francês e inglês apenas com um exército pequeno mas uma estratégia ideal de ataque no deserto.

Do outro lado, tem início, a 7 de Dezembro de 1941, a guerra entre os Estados Unidos e o Japão. Após a I Guerra, os americanos retiraram-se da cena internacional, voltando ao seu isolacionismo para viverem assim os Loucos Anos 20. Quando Hitler ataca a Europa, os americanos não fazem nada, reforçando a sua neutralidade na guerra. Enviam apenas uma pequena ajuda aos britânicos, que é liquidada pelos submarinos alemães imediatamente. Quanto ao Japão, era um país fechado aos ocidentais até à segunda metade do séc. XIX, quando se abre e industrializa, aparecendo no séc.XX como uma nova potência industrial e militar, com novas e aperfeiçoadas tácticas. No início do séc.XX, o Japão conquista a Coreia e depois a Machúria, na China, partindo depois na década de 30 para a conquista de outras regiões na China.

De facto, o Japão começa a rivalizar em termos económicos com os Estados Unidos e o conflito é iminente e esperado durante três décadas. Os japoneses não queriam a guerra e sabem que em comparação com os Estados Unidos perderiam: querem apenas petróleo e sugerem aos EUA um acordo de fornecimento de petróleo, facto que os americanos não aceitam pois é já no petróleo que se baseia a sua produção e por conseguinte a sua economia. Como retaliação, os japoneses atacam a base militar americana de Pearl Harbour. Os americanos respondem ao ataque e começa assim a guerra na Ásia. Paralelamente, uma força nacionalista chinesa é financiada pelos Estados Unidos, com o suposto intuito de lutar contra os japoneses mas lutando antes contra uma força comunista financiada pela União Soviética.

Poucos ou nenhuns povos escapam, assim, à 2ª Grande Guerra Mundial.

O fim da guerra dá-se em primeiro lugar em África. Em 1942, os norte-americanos intervêm ali ao lado dos ingleses e franceses. Charles de Gaulle assume o comando na Argélia. Em 1943, os aliados cercam o exército italiano na Tunísia e acaba desta forma a guerra no Norte de África.

Na Europa, no Inverno de 42/43, Estaline derrota Hitler na Batalha de Stalingrado, onde se encontrava cercado pelos alemães. O exército vermelho resiste, conseguindo cercar o exército alemão e obrigando-o à rendição. Este é o momento em que a sorte vira na guerra: o exército vermelho manda Hitler recuar e é sabido a partir deste momento quem ganhou a 2ª Guerra Mundial na Europa. A vitória de Estaline deve-se ao facto da União Soviética possuir uma indústria pesada e energética que lhe permitem a supremacia de armamento. Antes da guerra começar, Estaline, com os seus planos quinquenais, enviara para lá dos Urais, onde nenhum avião bélico chegava, todas as fábricas russas, trabalhando em segurança. Os cientistas e engenheiros russos estão na Sibéria, com condições privilegiadas de construir a guerra, criando armamento e aviões ainda hoje considerados de alto desenvolvimento tecnológico.

Após o recuo soviético, Estaline pede aos ocidentais que ataquem Hitler pela outra frente. E é em 6 de Julho de 1944, no Dia D, que o exército aliado faz a invasão do território francês, cercando Hitler por duas frentes: uma na Rússia e outra no Ocidente. Após o suicídio de Hitler, em Maio de 1945, é assinada a capitulação das tropas pelos generais nazis, sendo hoje comemorado na Europa o dia 9 de Maio como o dia da Paz, da Europa, etc.

No entanto, na Ásia continuava a guerra, com os japoneses a oferecer muita resistência aos americanos. Os japoneses são inferiores em número mas o fanatismo da defesa, em que muitas vezes o suicídio é preferível à rendição, coloca-os em vantagem. A 6 de Agosto de 1945, o presidente norte-americano Truman toma a decisão de experimentar a bomba atómica sobre a cidade de Hiroshima e no dia 8 de Agosto sobre Nagasaki, no Japão. Como consequência, uma devastação sem precedentes e a capitulação do exército japonês, a 15 de Agosto de 1945.

O resultado da guerra cifrou-se em cerca de 40 a 52 milhões de mortos, a maioria dele civis por causa da guerra de bombardeamentos aéreos. O país com mais vítimas foi a União Soviética, com 20 milhões, seguidos de 8 milhões de chineses, 5 milhões de alemães, 5 milhões de polacos, 2 milhões de japoneses, um milhão e meio de jugoslavos, 535.000 franceses, 500.000 gregos, 450.000 italianos, 350.000 britânicos e entre 250 a 300 mil norte-americanos. No caso de Itália, Mussolini é derrubado em 1943 mas a partir desse verão decorre também uma guerra civil entre fascistas e anti-fascistas, dando origem a uma divisão entre direita e esquerda que persiste até hoje.

As vítimas da guerra estenderam-se muito além do cenário bélico. No fim da guerra, cerca de 11 milhões de alemães foram expulsos dos seus países, como retaliação ao que fizeram com outros povos durante a guerra. Polónia, Checoslováquia e Ucrânia foram alguns dos países que expulsaram os alemães após o fim do conflito.

As outras vítimas da guerra foram os 7 milhões de civis que morreram em campos de concentração. Estes existiram um pouco por toda a parte, fosse para os judeus, ciganos, eslavos e outros grupos considerados menores pelos nazis, fosse para os norte-americanos descendentes de japoneses, nos Estados Unidos, onde 150.000 pessoas foram postas em campos de concentração. Estes, captam mão-de-obra escrava, onde em condições sub-humanas de alimentação e higiene, milhões de judeus e ciganos foram particularmente mal tratados. Estima-se que tenham morrido em campos de concentração promovidos pelos nazis, cerca de 6 milhões de judeus e uma quantidade não confirmada de ciganos.

A segunda guerra mundial foi uma guerra de alianças globais, com a aliança entre liberais e comunistas contra os fascistas. Provocou alteração de fronteiras, com a Rússia a tentar reaver os territórios perdidos na I Guerra e a Polónia, por exemplo, a mudar a sua configuração. Foi uma guerra de destruição total: Hitler bombardeia e destrói Londres, os Aliados destroem cidades inteiras na Alemanha, os americanos dizimam com as bombas atómicas. Tratou-se do maior conflito da História da Humanidade, que começa com uma luta entre diferentes ideologias de organização do mundo.