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14/10/08

HMC - Aula 5

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
4.2. Seis anos de guerra

De entre todos na Europa, Adolf Hitler está particularmente interessado na guerra, pois só assim conseguirá a sua ambição de obter o "espaço vital" para a Alemanha. Esta é uma teoria que provém do Darwinismo e que Hitler adapta à Alemanha desta altura: se um estado cresce e produz riqueza, este precisa também de mais espaço físico. As fronteiras existentes, segundo Hitler, são fronteiras administrativas impostas e não "naturais", pelo que inicia o III Reich, numa Alemanha que está a crescer e precisa de mais espaço. O III Reich proclama a união de toda a raça ariana num só estado.

Ao mesmo tempo, Mussolini afirma também a sua intenção de expandir o território italiano e começa por atacar a Somália, onde vence facilmente, e a Etiópia, onde os italianos são derrotados. Estes dois eram estados independentes africanos, um do pouco espaço em África onde nenhuma potência europeia estava instalada. Do outro lado do mundo, também o Japão emerge e consegue conquistar alguns territórios e assim expandir-se.

Contudo é Hitler, na Primavera de 1938, que anexa a Áustria, onde ninguém se opôe ao seu caminho e este é bem recebido. Esta invasão é legitimada com o facto dos austríacos serem também raça ariana e daí terem que pertencer ao seu espaço vital. Porém, no Outono de 1938, quando Hitler invade a Checoslováquia com a justificação de que lá vive uma minoria alemã, a resposta ocidental já não é tranquila. No Outono de 1938, em Munique, Hitler, Mussolini, Chamberlain e o primeiro ministro francês, Edouard Daladier, reunem-se e, sem questionar os checoslovacos, autorizam a Alemanha a entrar no país, numa chamada política de apaziguamento. Como resultado, Hitler ocupou um terço da Checoslováquia no Outono e na Primavera já tinha ocupado o resto.

É por fim com a invasão da Polónia, onde vivem cerca de 5 a 7 milhões de alemães, no dia 1 de Setembro de 1939, que o Reino Unido e a França declaram guerra a Hitler. De novo, uma guerra começa entre as principais potências da Europa, afectando quase todos os países europeus (à excepção de Portugal, Espanha, Suiça e Suécia) e alastrando-se a todo o mundo, seja em cenários de guerra como na Ásia e Norte de África, seja com o envio de tropas para o combate, como no caso da China e América do Sul.

As razões da guerra prendiam-se com questões expansionistas económicas mas também com questões políticas. Aparecem alternativas, nesta altura, que são entre si irreconciliáveis: Fascismo e Comunismo querem ambos derrubar o Liberalismo. Hitler é nesta altura quem quer a guerra pois pretende rever o Tratado de Versalhes a favor da Alemanha.

A guerra com França e Reino Unido não acontece antes de Abril de 1940. Os seis meses de guerra iminente justificam-se no facto de ambos os lados estarem a preparar-se para as batalhas. Franceses e britânicos colocam-se em locais estratégicos: os primeiros junto da linha Maginot, construída com barragens, bunkers e canais, ao largo da fronteira com a Alemanha e no decorrer da primeira guerra; os segundos desembarcam na Bretanha. Porém, Hitler entra pelo meio dos dois, pelas montanhas do Luxemburgo, e surpreende todos, impondo uma derrota humilhante para franceses e ingleses. Tão humilhante que Hitler manda trazer a locomotiva onde antes havia sido assinada a capitulação da Alemanha para assinar agora a capitulação francesa. Como se não fosse suficiente, ainda entra em parada em Paris, no dia 14 de Junho, humilhando o orgulho nacional francês. Quanto aos britânicos, fogem de regresso a Inglaterra naquilo que Churchill chamou de "retirada heróica".

Hitler venceu nesta fase da guerra pois possuía uma nova táctica bélica, suportada por aviões mais rápidos e com melhor performance, para além de blindados que conquistam vários quilómetros por dia. Esta "blitzkrieg" ou "guerra relâmpago" semeia, de facto, o pânico com os aviões e a seguir a entrada dos blindados a espalhar o terror. Com esta vantagem na tecnologia, Hitler facilmente derrota os seus inimigos.

Depois da derrota em França, esta é ocupada pela Alemanha. Surge o plano "Le Petain", que é um pacto de colaboração com Hitler que cria duas Franças: uma em que governa Hitler e outra, chamada "França de Vichy", em que governam apoiantes nazis. Há ainda uma terceira França que continua a lutar, liderada pelo general Charles de Gaulle, que se refugia na Argélia e diz, a partir daí, que França nunca se irá render.

Na Primavera seguinte, Hitler quer o Reino Unido e embora não possua uma marinha de guerra, surge com os seus submarinos, aperfeiçoados e tecnologicamente muito mais avançados. Hitler utiliza os aviões para bombardear o Reino Unido e tem início, de facto, a guerra entre estes dois. É nesta altura que Churchill profere o discurso que o tornou famoso, dizendo aos britânicos que não pode prometer muito mas que promete "suor, sangue e lágrimas". O Reino Unido envia as suas crianças para o Norte, onde os aviões nazis não chegam, deixando em Londres os homens adultos, que pouco mais faziam do que esconder-se. Contudo, Inglaterra está a resistir a Hitler que, enquanto não consegue vencer aí, vira-se para o outro lado: em 1941, Hitler planeia atacar a União Soviética.

No entanto, os sérvios derrubavam o governo pró-Hitler e instalavam um governo pró-Churchill em plenos Balcãs. Também os gregos derrotam o exército italiano que os atacara. Hitler tem que prestar atenção a estas duas situações nos Balcãs, perdendo cerca de três meses nessa região antes de atacar a União Soviética. Foram três meses preciosos, uma vez que a invasão estava prevista na Primavera e Verão, de forma a não repetir o fracasso de Napoleão e sucumbir perante o Inverno soviético de temperaturas de 40 graus negativos, que gelavam os blindados e aviões e provocavam a morte massiva dos soldados.

A operação contra a União Soviética começa assim no dia 21 de Julho de 1941. O país está despreparado para a guerra pois na sua escalada pelo poder, Estaline enviou para a Sibéria todos os generais que se lhe opunham: o Exército Vermelho está praticamente sem generais tácticos. Assim, a vitória de Hitler na União Soviética é esmagadora e os russos limitam-se a fugir para dentro do seu país. Em 1942, a chegada das tropas alemães à linha estabelecida de não agressão, faz explodir a guerra entre a União Soviética e a Alemanha, prolongando-a ao longo de todo esse ano. Contudo, o avanço alemão é travado na tal linha divisória (próxima a Estalingrado, protegendo Moscovo) e o Inverno russo começa a enfraquecer as tropas alemãs. Na investida contra a União Soviética, Roménia, Bulgária, Noruega e vários outros países combatem contra Estaline ao lado de Hitler. Só a Roménia, envia 250 mil soldados para as batalhas.

Ao mesmo tempo, em África, travam-se também batalhas sangrentas. De um lado o Egipto que embora fosse independente desde 1923 era totalmente britânico, com o seu exército lá instalado, e a Argélia, Tunísia e Marrocos, pertencentes a França. No meio destes, a Líbia, que foi ocupada pela Itália no início do séc.XX mas que não representava grande interesse por se tratar de um território pobre. Serve agora de base às tropas de Mussolini, que querem expandir-se quer para a Argélia francesa, quer para o Egipto britânico. Está então criada aqui a guerra entre italianos e franceses e ingleses. Na Argélia, a confusão de autoridade leva a que não se saiba a que França pertence o território: se a Hitler, se a Vichy, se à outra França livre de De Gaulle.

A guerra aqui corre mal aos italianos, pelo que os alemães enviam para o local o general Rommel, a "raposa do deserto" que consegue fazer sérios estragos no exército francês e inglês apenas com um exército pequeno mas uma estratégia ideal de ataque no deserto.

Do outro lado, tem início, a 7 de Dezembro de 1941, a guerra entre os Estados Unidos e o Japão. Após a I Guerra, os americanos retiraram-se da cena internacional, voltando ao seu isolacionismo para viverem assim os Loucos Anos 20. Quando Hitler ataca a Europa, os americanos não fazem nada, reforçando a sua neutralidade na guerra. Enviam apenas uma pequena ajuda aos britânicos, que é liquidada pelos submarinos alemães imediatamente. Quanto ao Japão, era um país fechado aos ocidentais até à segunda metade do séc. XIX, quando se abre e industrializa, aparecendo no séc.XX como uma nova potência industrial e militar, com novas e aperfeiçoadas tácticas. No início do séc.XX, o Japão conquista a Coreia e depois a Machúria, na China, partindo depois na década de 30 para a conquista de outras regiões na China.

De facto, o Japão começa a rivalizar em termos económicos com os Estados Unidos e o conflito é iminente e esperado durante três décadas. Os japoneses não queriam a guerra e sabem que em comparação com os Estados Unidos perderiam: querem apenas petróleo e sugerem aos EUA um acordo de fornecimento de petróleo, facto que os americanos não aceitam pois é já no petróleo que se baseia a sua produção e por conseguinte a sua economia. Como retaliação, os japoneses atacam a base militar americana de Pearl Harbour. Os americanos respondem ao ataque e começa assim a guerra na Ásia. Paralelamente, uma força nacionalista chinesa é financiada pelos Estados Unidos, com o suposto intuito de lutar contra os japoneses mas lutando antes contra uma força comunista financiada pela União Soviética.

Poucos ou nenhuns povos escapam, assim, à 2ª Grande Guerra Mundial.

O fim da guerra dá-se em primeiro lugar em África. Em 1942, os norte-americanos intervêm ali ao lado dos ingleses e franceses. Charles de Gaulle assume o comando na Argélia. Em 1943, os aliados cercam o exército italiano na Tunísia e acaba desta forma a guerra no Norte de África.

Na Europa, no Inverno de 42/43, Estaline derrota Hitler na Batalha de Stalingrado, onde se encontrava cercado pelos alemães. O exército vermelho resiste, conseguindo cercar o exército alemão e obrigando-o à rendição. Este é o momento em que a sorte vira na guerra: o exército vermelho manda Hitler recuar e é sabido a partir deste momento quem ganhou a 2ª Guerra Mundial na Europa. A vitória de Estaline deve-se ao facto da União Soviética possuir uma indústria pesada e energética que lhe permitem a supremacia de armamento. Antes da guerra começar, Estaline, com os seus planos quinquenais, enviara para lá dos Urais, onde nenhum avião bélico chegava, todas as fábricas russas, trabalhando em segurança. Os cientistas e engenheiros russos estão na Sibéria, com condições privilegiadas de construir a guerra, criando armamento e aviões ainda hoje considerados de alto desenvolvimento tecnológico.

Após o recuo soviético, Estaline pede aos ocidentais que ataquem Hitler pela outra frente. E é em 6 de Julho de 1944, no Dia D, que o exército aliado faz a invasão do território francês, cercando Hitler por duas frentes: uma na Rússia e outra no Ocidente. Após o suicídio de Hitler, em Maio de 1945, é assinada a capitulação das tropas pelos generais nazis, sendo hoje comemorado na Europa o dia 9 de Maio como o dia da Paz, da Europa, etc.

No entanto, na Ásia continuava a guerra, com os japoneses a oferecer muita resistência aos americanos. Os japoneses são inferiores em número mas o fanatismo da defesa, em que muitas vezes o suicídio é preferível à rendição, coloca-os em vantagem. A 6 de Agosto de 1945, o presidente norte-americano Truman toma a decisão de experimentar a bomba atómica sobre a cidade de Hiroshima e no dia 8 de Agosto sobre Nagasaki, no Japão. Como consequência, uma devastação sem precedentes e a capitulação do exército japonês, a 15 de Agosto de 1945.

O resultado da guerra cifrou-se em cerca de 40 a 52 milhões de mortos, a maioria dele civis por causa da guerra de bombardeamentos aéreos. O país com mais vítimas foi a União Soviética, com 20 milhões, seguidos de 8 milhões de chineses, 5 milhões de alemães, 5 milhões de polacos, 2 milhões de japoneses, um milhão e meio de jugoslavos, 535.000 franceses, 500.000 gregos, 450.000 italianos, 350.000 britânicos e entre 250 a 300 mil norte-americanos. No caso de Itália, Mussolini é derrubado em 1943 mas a partir desse verão decorre também uma guerra civil entre fascistas e anti-fascistas, dando origem a uma divisão entre direita e esquerda que persiste até hoje.

As vítimas da guerra estenderam-se muito além do cenário bélico. No fim da guerra, cerca de 11 milhões de alemães foram expulsos dos seus países, como retaliação ao que fizeram com outros povos durante a guerra. Polónia, Checoslováquia e Ucrânia foram alguns dos países que expulsaram os alemães após o fim do conflito.

As outras vítimas da guerra foram os 7 milhões de civis que morreram em campos de concentração. Estes existiram um pouco por toda a parte, fosse para os judeus, ciganos, eslavos e outros grupos considerados menores pelos nazis, fosse para os norte-americanos descendentes de japoneses, nos Estados Unidos, onde 150.000 pessoas foram postas em campos de concentração. Estes, captam mão-de-obra escrava, onde em condições sub-humanas de alimentação e higiene, milhões de judeus e ciganos foram particularmente mal tratados. Estima-se que tenham morrido em campos de concentração promovidos pelos nazis, cerca de 6 milhões de judeus e uma quantidade não confirmada de ciganos.

A segunda guerra mundial foi uma guerra de alianças globais, com a aliança entre liberais e comunistas contra os fascistas. Provocou alteração de fronteiras, com a Rússia a tentar reaver os territórios perdidos na I Guerra e a Polónia, por exemplo, a mudar a sua configuração. Foi uma guerra de destruição total: Hitler bombardeia e destrói Londres, os Aliados destroem cidades inteiras na Alemanha, os americanos dizimam com as bombas atómicas. Tratou-se do maior conflito da História da Humanidade, que começa com uma luta entre diferentes ideologias de organização do mundo.

08/10/08

HMC - Aula 4

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
4.1. Causas da guerra
4.1.1. Grande recessão económica (1929)
4.1.2. Socialismo (comunismo)
4.1.3. Fascismo

No decorrer da I Guerra Mundial, dá-se uma revolução e surge uma alternativa ao Liberalismo político dos outros países. Essa revolução acontece na Rússia, em 1917 e chama-se a "Revolução Bolchevique". A palavra "bolchoi" significa, em russo, "grande, maior". Quanto aos bolcheviques, provêm da linha mais radical do Partido Social Democrata russo, que tem nos mencheviques os seus representantes mais conservadores. A primeira Revolução ocorre em Fevereiro e tem em vista derrubar o regime czarista russo, facto que consegue realizar com sucesso. Forma-se um governo provisório entre mencheviques e membros do antigo governo do czar, que conhece o seu fim aquando da segunda Revolução, também chamada "Revolução de Outubro" (que de facto aconteceu a 7 de Novembro do calendário gregoriano). Nesta Revolução, os bolcheviques chegam ao poder e iniciam aquela que é também chamada de "revolução comunista": o partido social democrata passa a chamar-se Partido Comunista.

O que propôe, então, a revolução russa? A I Guerra não foi de todo favorável à Rússia, que viu o seu território ser cortado e o descontentamento crescer entre a sua população. Esta revolução propôe uma alteração radical baseada no pensamento de Karl Marx. Marx é um sociólogo alemão cuja crítica económica é uma alternativa ao capitalismo. A sua filosofia, a "dialética materialista", diz que não existe Deus, tudo acontece no âmbito da matéria, facto que coloca todas as religiões em conflito com Marx.

A ideia sociológica do marxismo diz que na sociedade há conflito e que a propriedade privada está no centro desse conflito: os que detêm a propriedade apropriam-se também da mais-valia, ou seja, da produção, que deveria pertencer a quem trabalha, a quem produz. O proprietário apropria-se do lucro proveniente da produção, criando uma relação de exploração entre o proprietário e o proletariado que se vem repetindo ao longo da História, seja na escravidão, no feudalismo ou no capitalismo. Segundo Marx, a exploração é permanente. Segundo a análise marxista, o capitalismo trouxe desenvolvimento mas existe um número reduzido de proprietários e um número imenso de proletariado. Mesmo actualmente, verifica-se que tudo se encaminha para um número ínfimo de pessoas e instituições deter a quase totalidade da propriedade e lucro mundial. No futuro, tudo aponta que as fusões sucessivas de bancos levem à existência de apenas dois ou três bancos mundiais...

Marx sugere que o proletariado tome conta da sociedade quando exista um momento de alto desenvolvimento tecnológico. Que seja abolida a propriedade privada mas que sejam mantidas as eleições democráticas. No início, Marx defende uma mudança pela revolução agressiva mas numa fase posterior vai dizer que a revolução seria melhor se feita de uma forma gradual e progressiva.

Quanto à Rússia, adapta o pensamento de Marx fundindo-o com o de Lenine e criando o marxismo-leninismo. Este é uma ditadura do proletariado: os bolcheviques são uma pequena facção da população e têm a necessidade de, enquanto grupo minoritário, se fazerem chegar ao poder e governar. A proposta de Lenine passa por um regime totalitário numa democracia formal e popular. De facto, na União Soviética existem eleições mas só existe um candidato para cada lugar proposto e esse candidato é o do Partido Comunista... Trata-se assim, para todos os efeitos, de um sistema de partido único. Na prática, e graças a Lenine, a União Soviética transforma-se numa ditadura do Partido Comunista sobre o resto do povo.

No que respeita à economia, os bolcheviques acreditam que a economia de mercado não funcionam e por isso esta é substituída pela economia de planeamento. Por exemplo, se cada pessoa necessita de dois pares de sapatos por ano, produz-se só dois pares de sapatos iguais para todos. Assim evita-se a inflação e a perturbação da economia na sociedade. Já com Estaline ("Homem de Aço"), o planeamento é quinquenal, ou seja, são elaborados planos de cinco anos para determinadas produções, anulando-se de vez toda e qualquer propriedade privada: esta pertence inteiramente é totalmente dirigida pelos soviets.

Esta revolução na Rússia de Lenine tem precedentes um pouco por toda a Europa, seja em Berlim, em Itália e em Budapeste onde surgem repúblicas proletárias, seja nas intensas greves que se fazem sentir em França e Itália, motivadas pelos comunistas. No resto da Europa, vive-se um medo terrível de que a revolução russa se espalhe por toda a Europa, facto que faz os liberais organizarem-se para travar a escalada dos socialistas.

A alternativa de direita às políticas de esquerda de Marx é a contra-revolução fascista. O Fascismo nasce em Itália, com Benito Mussolini. Uma Itália que sai frustrada da I Guerra, onde embora tenha ficado do lado dos vencedores não ganha nada. Mussolini forma e apresenta a idologia fascista, com forças paramilitares identificadas por fardas com cores iguais e carregando sempre um bastão. Chega ao poder com uma Marcha sobre Roma, através de um golpe de estado clássico e populista.

O Fascismo é um sistema que funciona através de corporações, formas de organização social que existiram no Antigo Regime e que se trata de organizações de pessoas segundo os mesmos interesses ou actividades. As corporações favorecem as classes privilegiadas e agradam à Igreja, que apoia o renascimento de um sistema corporativo. O Papa Pio XI chega inclusivé a fazer negócios com Mussolini e o actual Papa pertenceu ao Partido Nazi alemão. Esta democracia orgânica imposta pelo fascismo proclama então que a única forma de organizar a sociedade é através de corporativas de pescadores, indústria, trabalhadores, famílias, etc... As corporativas seriam responsáveis por fazer chegar ao governo os interesses do povo e o governo tomaria então as suas decisões. Acontece, porém, o contrário, e o governo é que passa a utilizar as corporações para exercer nelas a sua força e influência.

A nível político, o fascismo é autoritário, com um único partido e impedindo de qualquer forma os outros de chegarem ao poder (ex: Humberto Delgado, em Portugal). Há a exaltação de um líder que é deusificado: o Fuhrer, o Duce, têm poderes considerados quase divinos. Este culto do líder é acompanhado de uma forte propaganda, dando-lhe o poder total no estado. A nível económico, existe propriedade privada numa economia tendencialmente planeada e controlada pelo governo. Aqui, a diferença basilar com o comunismo de Lenine é a existência de propriedade privada no controlo da economia.

Depois de Mussolini tomar o poder em Itália, muitos outros países adoptam o fascismo, como Espanha e Portugal (a Constituição de 1933 de Salazar é uma cópia da italiana) e depois a Grécia, Hungria (onde é um almirante que comanda uma nação sem mar...), a Polónia, entre outros. Todos estes países unem-se para impedir a subida dos socialistas ao poder.

Entre todos estes países onde o fascismo vingou, um merece especial atenção: a Alemanha. O Nazismo de Adolf Hitler é um tipo de fascismo que deve ser observado de forma diferente. Nazismo significa nacional socialismo e o partido que o defende é o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães. Hitler é um austríaco, combatente da I Grande Guerra, que se convence de que a Alemanha não perdeu na guerra mas antes foi traída por um grupo de generais e obrigada assim a capitular. Depois de uma tentativa violenta de tomar o poder sair frustrada, Hitler é preso e na prisão escreve "Mein Kampf" ("A Minha Luta").

Paralelamente, a Alemanha de Weimar vive segundo leis democráticas ditadas pelas potências vencedoras da guerra a partir de 1919. Porém, com o pagamento de indemnizações a que está sujeita, a Alemanha vive em permanente crise económica. Em 1933, um quilo de pão custa um quilo de marcos: como consequência da crise de 29, a Alemanha tem uma inflação galopante, que ocupa toda e qualquer preocupação económica e que torna infrutífero qualquer trabalho.

Hitler diz que a Alemanha deve levantar a cabeça e responsabiliza os judeus e os comunistas pela traição: os primeiros porque não permitem que haja dinheiro para o exército e os segundos porque defendem o pacifismo e se opôem à guerra armada. Segundo Hitler, sem os judeus e sem os comunistas, a Alemanha teria ganho a guerra.

Para levantar a moral dos alemães, Hitler convence-os de que provêm de uma raça muito especial, a raça ariana, povo que terá sido a raça eleita para governar o mundo e que utiliza a cruz suástica. Esta ideia tem como base a teoria de Nietzche de que há entre os homens alguns que são superiores, super-homens sem limites, que se sobrepôem a Deus. Hitler deduziu que estes super-homens são os germânicos. Defende que a raça ariana deve ser pura por isso deve ser feita uma limpeza étnica afastando judeus, deficientes, homossexuais, ciganos, alcoólicos, entre outros grupos considerados por Hitler não merecedores. Para Hitler, a raça pura tem que dominar o mundo todo.

Em 1933, Hitler ganha as eleições alemãs com 33,7% dos votos, de forma democrática. O Presidente da República dá-lhe mandato para formar governo e assim Hitler chega legalmente ao poder. O regime de Hitler é uma ditadura de partido único, em que existe a exaltação do líder, a propaganda terrívelmente eficaz, a organização de manifestações em massa, como desfiles e jogos e o controlo cerrado da economia. No início, de forma a recuperar o ânimo dos alemães, Hitler toma uma medida socialista de organizar grandes obras públicas num país destruído pela guerra. Desta forma, Hitler consegue o apoio da maioria dos alemães.

A causa directa da ascensão dos regimes totalitários ao poder tem a ver com a crise económica. A essência da economia é a produção e esta compreende quatro fases distintas: a alta de produção, a recessão, a estagnação e a retoma. Uma crise acontece quando há uma situação na economia que desestabiliza todo o sitema e isto dá-se quando três sectores da economia não funcionam pelo menos durante dois semestres. Por exemplo, quando não se produz, não se vende ou não se pode pagar. A crise económica não é o fim de um modelo económico mas esse fim pode acontecer: se a crise durar mais de seis meses, é possível que determinado sistema colapse. Por conseguinte, quando as economias estão todas dependentes e interligadas, um problema específico num país, num sector, num tipo de banco, afecta indirectamente o mundo todo.

Em 1929, dá-se a Grande Depressão, caracterizada por uma baixa acentuada da produção causada pela falência de bancos: não havendo dinheiro, não se produz. A falta de produção leva ao desemprego, que por si só leva à ausência de compra e venda. Surge acompanhada por uma recessão caracterizada por uma prolongada baixa de crescimento. As crises no Antigo Regime surgiam devido a causas naturais; as grandes crises contemporâneas (anos 30, 70 e actualidade) são cíclicas e permanentes no capitalismo. São causadas por ausência de liquidez devido ao crédito mal parado.

Em 1929, dá-se a crise bolsista de Wall Street. Wall Street detém um terço da riqueza mundial, num sistema de acções que assenta na divisão do lucro de determinada empresa por vários accionistas. Toda a riqueza é, assim, transformada em papéis. A falência dos bancos, causada devido à quebra de liquidez de capital proveniente do crédito, faz com que não exista lucro e assim o preço pago por cada acção seja cada vez mais baixo. Ao aperceber-se da crise, os accionistas têm tendência a vender as suas acções antes que desçam ainda mais, dando origem a excesso de oferta desses títulos no mercado, logo a diminuição do seu valor. Com a falência dos bancos e dos seus accionistas, dá-se também a quebra de produção, que depende do capital dos bancos.

A Europa está deprimida, os regimes totalitários venceram em grande parte dos países. As cartas estão lançadas para o aparecimento de um novo conflito mundial.