SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
4.1. Causas da guerra
4.1.1. Grande recessão económica (1929)
4.1.2. Socialismo (comunismo)
4.1.3. Fascismo
No decorrer da I Guerra Mundial, dá-se uma revolução e surge uma alternativa ao Liberalismo político dos outros países. Essa revolução acontece na Rússia, em 1917 e chama-se a "Revolução Bolchevique". A palavra "bolchoi" significa, em russo, "grande, maior". Quanto aos bolcheviques, provêm da linha mais radical do Partido Social Democrata russo, que tem nos mencheviques os seus representantes mais conservadores. A primeira Revolução ocorre em Fevereiro e tem em vista derrubar o regime czarista russo, facto que consegue realizar com sucesso. Forma-se um governo provisório entre mencheviques e membros do antigo governo do czar, que conhece o seu fim aquando da segunda Revolução, também chamada "Revolução de Outubro" (que de facto aconteceu a 7 de Novembro do calendário gregoriano). Nesta Revolução, os bolcheviques chegam ao poder e iniciam aquela que é também chamada de "revolução comunista": o partido social democrata passa a chamar-se Partido Comunista.
O que propôe, então, a revolução russa? A I Guerra não foi de todo favorável à Rússia, que viu o seu território ser cortado e o descontentamento crescer entre a sua população. Esta revolução propôe uma alteração radical baseada no pensamento de Karl Marx. Marx é um sociólogo alemão cuja crítica económica é uma alternativa ao capitalismo. A sua filosofia, a "dialética materialista", diz que não existe Deus, tudo acontece no âmbito da matéria, facto que coloca todas as religiões em conflito com Marx.
A ideia sociológica do marxismo diz que na sociedade há conflito e que a propriedade privada está no centro desse conflito: os que detêm a propriedade apropriam-se também da mais-valia, ou seja, da produção, que deveria pertencer a quem trabalha, a quem produz. O proprietário apropria-se do lucro proveniente da produção, criando uma relação de exploração entre o proprietário e o proletariado que se vem repetindo ao longo da História, seja na escravidão, no feudalismo ou no capitalismo. Segundo Marx, a exploração é permanente. Segundo a análise marxista, o capitalismo trouxe desenvolvimento mas existe um número reduzido de proprietários e um número imenso de proletariado. Mesmo actualmente, verifica-se que tudo se encaminha para um número ínfimo de pessoas e instituições deter a quase totalidade da propriedade e lucro mundial. No futuro, tudo aponta que as fusões sucessivas de bancos levem à existência de apenas dois ou três bancos mundiais...
Marx sugere que o proletariado tome conta da sociedade quando exista um momento de alto desenvolvimento tecnológico. Que seja abolida a propriedade privada mas que sejam mantidas as eleições democráticas. No início, Marx defende uma mudança pela revolução agressiva mas numa fase posterior vai dizer que a revolução seria melhor se feita de uma forma gradual e progressiva.
Quanto à Rússia, adapta o pensamento de Marx fundindo-o com o de Lenine e criando o marxismo-leninismo. Este é uma ditadura do proletariado: os bolcheviques são uma pequena facção da população e têm a necessidade de, enquanto grupo minoritário, se fazerem chegar ao poder e governar. A proposta de Lenine passa por um regime totalitário numa democracia formal e popular. De facto, na União Soviética existem eleições mas só existe um candidato para cada lugar proposto e esse candidato é o do Partido Comunista... Trata-se assim, para todos os efeitos, de um sistema de partido único. Na prática, e graças a Lenine, a União Soviética transforma-se numa ditadura do Partido Comunista sobre o resto do povo.
No que respeita à economia, os bolcheviques acreditam que a economia de mercado não funcionam e por isso esta é substituída pela economia de planeamento. Por exemplo, se cada pessoa necessita de dois pares de sapatos por ano, produz-se só dois pares de sapatos iguais para todos. Assim evita-se a inflação e a perturbação da economia na sociedade. Já com Estaline ("Homem de Aço"), o planeamento é quinquenal, ou seja, são elaborados planos de cinco anos para determinadas produções, anulando-se de vez toda e qualquer propriedade privada: esta pertence inteiramente é totalmente dirigida pelos soviets.
Esta revolução na Rússia de Lenine tem precedentes um pouco por toda a Europa, seja em Berlim, em Itália e em Budapeste onde surgem repúblicas proletárias, seja nas intensas greves que se fazem sentir em França e Itália, motivadas pelos comunistas. No resto da Europa, vive-se um medo terrível de que a revolução russa se espalhe por toda a Europa, facto que faz os liberais organizarem-se para travar a escalada dos socialistas.
A alternativa de direita às políticas de esquerda de Marx é a contra-revolução fascista. O Fascismo nasce em Itália, com Benito Mussolini. Uma Itália que sai frustrada da I Guerra, onde embora tenha ficado do lado dos vencedores não ganha nada. Mussolini forma e apresenta a idologia fascista, com forças paramilitares identificadas por fardas com cores iguais e carregando sempre um bastão. Chega ao poder com uma Marcha sobre Roma, através de um golpe de estado clássico e populista.
O Fascismo é um sistema que funciona através de corporações, formas de organização social que existiram no Antigo Regime e que se trata de organizações de pessoas segundo os mesmos interesses ou actividades. As corporações favorecem as classes privilegiadas e agradam à Igreja, que apoia o renascimento de um sistema corporativo. O Papa Pio XI chega inclusivé a fazer negócios com Mussolini e o actual Papa pertenceu ao Partido Nazi alemão. Esta democracia orgânica imposta pelo fascismo proclama então que a única forma de organizar a sociedade é através de corporativas de pescadores, indústria, trabalhadores, famílias, etc... As corporativas seriam responsáveis por fazer chegar ao governo os interesses do povo e o governo tomaria então as suas decisões. Acontece, porém, o contrário, e o governo é que passa a utilizar as corporações para exercer nelas a sua força e influência.
A nível político, o fascismo é autoritário, com um único partido e impedindo de qualquer forma os outros de chegarem ao poder (ex: Humberto Delgado, em Portugal). Há a exaltação de um líder que é deusificado: o Fuhrer, o Duce, têm poderes considerados quase divinos. Este culto do líder é acompanhado de uma forte propaganda, dando-lhe o poder total no estado. A nível económico, existe propriedade privada numa economia tendencialmente planeada e controlada pelo governo. Aqui, a diferença basilar com o comunismo de Lenine é a existência de propriedade privada no controlo da economia.
Depois de Mussolini tomar o poder em Itália, muitos outros países adoptam o fascismo, como Espanha e Portugal (a Constituição de 1933 de Salazar é uma cópia da italiana) e depois a Grécia, Hungria (onde é um almirante que comanda uma nação sem mar...), a Polónia, entre outros. Todos estes países unem-se para impedir a subida dos socialistas ao poder.
Entre todos estes países onde o fascismo vingou, um merece especial atenção: a Alemanha. O Nazismo de Adolf Hitler é um tipo de fascismo que deve ser observado de forma diferente. Nazismo significa nacional socialismo e o partido que o defende é o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães. Hitler é um austríaco, combatente da I Grande Guerra, que se convence de que a Alemanha não perdeu na guerra mas antes foi traída por um grupo de generais e obrigada assim a capitular. Depois de uma tentativa violenta de tomar o poder sair frustrada, Hitler é preso e na prisão escreve "Mein Kampf" ("A Minha Luta").
Paralelamente, a Alemanha de Weimar vive segundo leis democráticas ditadas pelas potências vencedoras da guerra a partir de 1919. Porém, com o pagamento de indemnizações a que está sujeita, a Alemanha vive em permanente crise económica. Em 1933, um quilo de pão custa um quilo de marcos: como consequência da crise de 29, a Alemanha tem uma inflação galopante, que ocupa toda e qualquer preocupação económica e que torna infrutífero qualquer trabalho.
Hitler diz que a Alemanha deve levantar a cabeça e responsabiliza os judeus e os comunistas pela traição: os primeiros porque não permitem que haja dinheiro para o exército e os segundos porque defendem o pacifismo e se opôem à guerra armada. Segundo Hitler, sem os judeus e sem os comunistas, a Alemanha teria ganho a guerra.
Para levantar a moral dos alemães, Hitler convence-os de que provêm de uma raça muito especial, a raça ariana, povo que terá sido a raça eleita para governar o mundo e que utiliza a cruz suástica. Esta ideia tem como base a teoria de Nietzche de que há entre os homens alguns que são superiores, super-homens sem limites, que se sobrepôem a Deus. Hitler deduziu que estes super-homens são os germânicos. Defende que a raça ariana deve ser pura por isso deve ser feita uma limpeza étnica afastando judeus, deficientes, homossexuais, ciganos, alcoólicos, entre outros grupos considerados por Hitler não merecedores. Para Hitler, a raça pura tem que dominar o mundo todo.
Em 1933, Hitler ganha as eleições alemãs com 33,7% dos votos, de forma democrática. O Presidente da República dá-lhe mandato para formar governo e assim Hitler chega legalmente ao poder. O regime de Hitler é uma ditadura de partido único, em que existe a exaltação do líder, a propaganda terrívelmente eficaz, a organização de manifestações em massa, como desfiles e jogos e o controlo cerrado da economia. No início, de forma a recuperar o ânimo dos alemães, Hitler toma uma medida socialista de organizar grandes obras públicas num país destruído pela guerra. Desta forma, Hitler consegue o apoio da maioria dos alemães.
A causa directa da ascensão dos regimes totalitários ao poder tem a ver com a crise económica. A essência da economia é a produção e esta compreende quatro fases distintas: a alta de produção, a recessão, a estagnação e a retoma. Uma crise acontece quando há uma situação na economia que desestabiliza todo o sitema e isto dá-se quando três sectores da economia não funcionam pelo menos durante dois semestres. Por exemplo, quando não se produz, não se vende ou não se pode pagar. A crise económica não é o fim de um modelo económico mas esse fim pode acontecer: se a crise durar mais de seis meses, é possível que determinado sistema colapse. Por conseguinte, quando as economias estão todas dependentes e interligadas, um problema específico num país, num sector, num tipo de banco, afecta indirectamente o mundo todo.
Em 1929, dá-se a Grande Depressão, caracterizada por uma baixa acentuada da produção causada pela falência de bancos: não havendo dinheiro, não se produz. A falta de produção leva ao desemprego, que por si só leva à ausência de compra e venda. Surge acompanhada por uma recessão caracterizada por uma prolongada baixa de crescimento. As crises no Antigo Regime surgiam devido a causas naturais; as grandes crises contemporâneas (anos 30, 70 e actualidade) são cíclicas e permanentes no capitalismo. São causadas por ausência de liquidez devido ao crédito mal parado.
Em 1929, dá-se a crise bolsista de Wall Street. Wall Street detém um terço da riqueza mundial, num sistema de acções que assenta na divisão do lucro de determinada empresa por vários accionistas. Toda a riqueza é, assim, transformada em papéis. A falência dos bancos, causada devido à quebra de liquidez de capital proveniente do crédito, faz com que não exista lucro e assim o preço pago por cada acção seja cada vez mais baixo. Ao aperceber-se da crise, os accionistas têm tendência a vender as suas acções antes que desçam ainda mais, dando origem a excesso de oferta desses títulos no mercado, logo a diminuição do seu valor. Com a falência dos bancos e dos seus accionistas, dá-se também a quebra de produção, que depende do capital dos bancos.
A Europa está deprimida, os regimes totalitários venceram em grande parte dos países. As cartas estão lançadas para o aparecimento de um novo conflito mundial.
08/10/08
HMC - Aula 4
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