Parte I (Profª Helena Santos)
3. Inquérito por questionário
A entrevista estruturada pode ser feita por administração directa ou indirecta (com recurso a entrevistadores). As questões que um inquérito levanta prendem-se com a comparabilidade: resultados eventualmente generalizáveis porque aplicáveis a grandes conjuntos populacionais. Um inquérito pode ser feito com vários tipos de questões: as questões abertas (por exemplo para análise de conteúdo), fechadas (com pré-respostas), semi-abertas, questões escalas (com escalas de atitudes), questões cenários, questões com suportes imagéticos (desenhos ou fotos) e questões filtro.
As questões abertas fazem-se quando queremos inferir sentido ou não sabemos que pré-respostas colocar. As questões escala, coloca-se uma escala de valor, por exemplo de um a cinco, com variáveis ordinais e por vezes evitando o ponto médio. As questões cenário propôem ao inquirido um determinado cenário: há-que ter cuidado com os cenários porque as pessoas têm percepções diferentes e por outro lado deve-se evitar cenários complicados. As questões com suporte imagético servem para identificar o nome de um produto através da imagem, por exemplo no Marketing ou na Psicologia. As questões filtro filtram o inquirido e remetem-no por vezes para perguntas mais abaixo ou para o fim.
Relativamente à ordem das perguntas, devemos começar nas mais genéricas e acabar nas mais incisivas. Devemos também ter em atenção a extensão das perguntas. Alguns problemas surgem nas respostas: a questão das não-respostas e os problemas de interpretação das perguntas. Daí a importância de um pré-teste ao questionário, para evitar a rigidez e a superficialidade das questões.
Parte II (Prof. José Azevedo)
As componentes de um projecto dividem-se em quatro etapas:
1- Introdução e questões gerais na investigação
2- Averiguação da significância da investigação,
3- Revisão da Literatura
4- Design da investigação, ou seja, os métodos de investigação.
Em relação ao segundo ponto, a significância da investigação, é preciso que o nosso tema avance no conhecimento, na originalidade e haja indicadores sociais que mostrem que é importante estudar essa temática. Devemo-nos perguntar a quem é que este domínio de investigação pode interessar, o que é que sabemos sobre o tópico, o que é que ainda não foi respondido adequadamente na investigação anterior e em que medida é que esta nova investigação acrescenta conhecimento a esta área. Se estas questões não se verificarem, o projecto dificilmente será aprovado.
O terceiro ponto remete-nos para saber o que já foi escrito sobre o assunto e acrescentar ao que já existe. A base da ciência diz-nos que não se faz um projecto sem revisão da literatura já feita. Esta literatura tem quatro funções: demonstrar pressupostos subjacentes (questões de investigação); demonstrar que somos conhecedores das investigações relacionadas e das tradições intelectuais que rodeiam o estudo; demonstrar que o investigador demonstrou falhas na investigação anterior que o presente estudo procura colmatar; definir as questões de investigação pela integração em tradições empíricas mais alargadas.
Quanto ao quarto ponto, pode-se fazer o design da investigação através de quatro tipos de análise de realidades: a análise de conteúdo, a análise de discurso, a análise do género (genre) e os estudos etnográficos. A análise de género diz respeito a um conjunto de códigos e convenções estabelecidas para um determinado género: armas capazes de detectar determinados tipos de estruturas. A análise de conteúdo prende-se com uma grelha analítica que vou aplicar a cada um dos episódios, por exemplo, de uma série. A análise de discurso remete-nos para os efeitos de utilização de uma determinada linguagem, com dimensões contextuais fundamentais para perceber o texto. A análise etnográfica estuda a forma como as pessoas se relacionam, a cultura dos utilizadores de determinado artefacto ou espaço através da observação.
19/11/08
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