06/11/08

PP - Aula 3

II - NOÇÃO DA PSICOLOGIA
2.3. Temas principais
2.4. Psicologia experimental
2.5. Psicologia teórica

A Psicologia das emoções nasceu na década de 80 e encara a emoção como algo cognitivo. Até então, razão e emoção eram coisas separadas. As emoções dependem da análise individual que fazemos dos acontecimentos: o tom, a intensidade e a expectativa em relação a uma finalidade no momento presente, mais imediata do que o sentimento.

As emoções têm uma componente cognitiva (avaliação do estímulo ou da situação), neuro-fisiológica (alterações corporais), experiencial (aspectos ligados ao sentir), expressiva (expressão facial e posturas corporais) e comportamental (actos expressivos). A activação é consequencia de certas avaliações: as emoções diferenciam-se pela identificação de padrões cognitivos, fisiológicos e comportamentais. Factores culturais influenciam a percepção: das relações sociais, dos estímulos emotivos e das expressões emotivas.

Parkinson, em 1994, realizou uma teoria de síntese: a experiência emocional depende da avaliação de estímulos externos, a situação, que por sua vez provoca reacções corporais, também estas concorrendo para a experiência emocional, que envolve uma expressão facial e a tendência para agir, motivada também pela avaliação dos estímulos externos.

De que forma os processos cognitivos são afectados pelas emoções? As relações entre cognição e emoção têm a ver com o papel dos processos cognitivos na abordagem e génese da emoção na forma como os pensamentos modelam as emoções. Por outro lado, estuda-se como as emoções modelam os pensamentos, através de efeitos de diferentes estados emotivos nos processos cognitivos.

Os estados emotivos dos sujeitos também influenciam a percepção: a ansiedade, por exemplo, influencia a percepção na medida em que afecta a selecção de informação ameaçadora. A atenção tem também um papel importante, na medida em que os estímulos emocionais que provoquem ansiedade são processados a um nível de elaboração baixo- evitamento cognitivo. No que respeita à memória, as memórias, por exemplo, de experiências de vida consistentes com o estado emotivo do sujeito, podem ser recuperadas mais depressa ou com maior probabilidade. As diferenças na realização de tarefas de memória explícita e implícita mostram, através de testes de memória implícita, que os sujeitos normais recordam melhor as palavras não ameaçadoras, enquanto os sujeitos ansiosos apresentam uma tendência ao contrário. Em testes explícitos, os ansiosos evitam-nas; os deprimidos recordam melhor as palavras tristes em qualquer um dos testes.

Existem diferenças entre estados emotivos positivos e negativos: nos positivos, temos tendência para recordar as palavras positivas do teste enquanto que o estado negativo não é tão evidente. Isto porque o afecto positivo é motivação para continuar esse estado. Lidamos com o presente construindo e reajustando o passado e com isso aumentamos a felicidade.

A recordação de um ambiente doloroso subestima a dor: após um tempo, conclui-se que até se beneficiou de determinada experiência dolorosa, facto que nos faz aumentar a felicidade presente.

Em relação à tomada de decisão e emoção, quando o sujeito está num estado positivo, passa menos tempo a decidir e elimina dimensões não relevantes. Verifica-se o aumento de desempenho em tarefas que requerem processamento criativo. No que toca aos estilos de processamento e emoção, o estado de espírito positivo pode diminuir o desempenho em tarefas analíticas: o estado de espírito negativo estimula um estilo sistemático, analítico e orientado para o detalhe.

Estudamos agora o que entende por inteligência emocional. Diz respeito ao estudo do que as pessoas decidem estudando as suas emoções. Há um conjunto de capacidades que contribui para a compreensão, avaliação, regulação e expressão precisa das emoções e para usar os sentimentos para planear, motivar e obter finalidades muito precisas. Estudamos cinco domínios: conhecer as suas próprias emoções, gerir as emoções (capacidade de tranquilizar), motivar-se a si mesmo (emoções ao serviço de um objectivo- maior produtividade e eficácia), reconhecer as emoções dos outros (empatia que gera altruísmo) e gerir relacionamentos (gerir as emoções dos outros- popularidade, liderança e eficácia pessoal).

Alguns aspectos estão envolvidos no estudo da inteligência emocional. A família e o tipo de relacionamento entre pais e filhos- se este é inadequado, quer dizer que ignora os sentimentos da criança, que é demasiado "laissez faire", que é desdenhoso e não mostra respeito pelo que a criança sente. A escola- o insucesso na aprendizagem está relacionado com componentes da inteligência emocional: a confiança em si e em ter ajuda dos adultos, a curiosidade pois descobrir é positivo e dá prazer, a intencionalidade através da sensação de competência e eficácia e o auto-controlo, através da sensação de controlo interior.

Outro aspecto é a capacidade de relacionaento e a capacidade de comunicar, trocar ideias, sentimentos e conceitos com os outros. A cooperação em grupo, equilibrando as suas necessidades com as dos outros.

A Psicologia do Desenvolvimento fala-nos do estudo do desenvolvimento e de capacidades que vamos desenvolvendo: Kohlberg, nos anos 70, mostra-nos estudos realizados a partir de entrevistas sobre dilemas morais para definir sistemas de raciocínio, pensamento e julgamento.

Existem estádios de desenvolvimento relacionados com cada idade: cada estádio relaciona-se com a forma como processamos questões etico-morais e de valor, havendo uma sequência invariável de seis estádios qualitativamente diferentes: 2 em cada um dos níveis.

No nível pré-convencional, as regras são impostas por outros: o estádio 1 é orientado para a punição e obediência- as consequências físicas das acções determinam se são boas ou más; o estádio 2 é orientado para o relativismo instrumental: o que está certo é o que satisfaz as necessidades próprias.

O nível convencional adopta as regras e por vezes submete os seus desejos ao grupo: o primeiro estádio é orientado para o bom comportamento como o que agrada e ajuda os outros e é aprovado por eles; o segundo estádio é orientado para lei e ordem- o que está certo é cumprir o seu dever, respeitar a autoridade e manter a ordem social.

No nível pós-convencional, os valores são definidos em termos de princípios éticos que se escolhe seguir. O primeiro estádio é orientado para o contrato social- o que está bem é definido em termos de direitos individuais. No segundo estádio, orienta-se para princípios éticos universais- o que está certo é definido em termos de estar de acordo com os princípios éticos escolhidos.

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